Eu gosto muito de trabalhar com o desenho do forro — e consequentemente com a iluminação —, pra reforçar o traçado das minhas circulações. Não só pra definir os pés-direitos ao longo dos meus percursos mas também pra demarcar a setorização da minha casa. — Sim, perdão, mas sua casa acaba sendo um pouco minha também!
Gosto de usar cores, texturas e revestimentos no teto, pra complementar o sentido da volumetria da minha arquitetura.

Forro e iluminação são tão negligenciados! Enquanto aqui, só em 2 linhas, você pode ver a força conceitual que essa planta carrega. Vamos botar mais fé nisso, pessoal.
Acontece que o resultado e o efeito definitivo do trabalho de um projeto de forro e iluminação não transparecem no material gráfico que nós produzimos.
Você só vai saber a altura exata da cúpula principal da Basílica de São Pedro (no Vaticano) indo até lá. Olhando pra cima lá de baixo. De cima, olhando lá pra baixo.
Não são os 120m até o lanternim. Não é o equivalente a um prédio de 40 andares. A altura exata não é de quase 138m até o topo do cruzeiro que coroa a cúpula. Os sentimentos que um espaço desse vulto carrega não cabem em metros nem em pés.
Arquitetura fala disso. Arquitetura fala. Ponto.
Tem que falar.
Se for muda, desconfie.
“Quem tem ouvidos para ouvir, ouça.” (Mateus, Marcos & Lucas — veja bem, de novo, a referência não é de um “trio sertanejo”, pelo amor.)
P.S. Quando for a Pequim, queira conhecer. O Leeza SOHO (2019, Zaha Hadid Architects) é atualmente o prédio com o átrio mais alto do mundo — que não pode ser medido pelos seus quase 195m, nem por ser 16m mais alto que o átrio do hotel Burj Al Arab de Dubai.

