#081.08 Planta, sozinha, não é arquitetura

Por ora, vamos nos debruçar nesse guarda-corpo do mezanino e olhar para baixo.

O jardim interno está ali, todo “pimpão”, ornamentando uma belezura de escada. Uma pele de vidro desfazendo a barreira entre dentro e fora.

A gente podia ter aqui um espaço super alto. Com teto de vidro. Ia ser um ambiente classudo, de proporções monumentais.

Mas a gente não quer isso, não. A gente quer se sentir em casa mesmo. Só isso.

Seu arquiteto te traz então, a ideia de que esse espaço seja coberto por um telhado de uma água. A queda do telhado acompanha a inclinação da escada, garantindo a circulação.

Todo o resto da casa vai ser coberto com laje plana. Mas esse pedaço vai ter telhado. Telhado dá muito cara de casa — de novo, o arquétipo. E você já “viu que isso era bom” (Gênesis — veja bem, a referência não é de uma banda de rock progressivo, por favor).

Bom porque na parte mais baixa ele diminui a altura da pele de vidro — custosa. Bom porque na parte alta ela não precisa estar alinhada com o teto do family room. Ela pode deixar uma janela alta acima da cumeeira. Você precisa ver isso em corte.

Corte é importante. Planta, sozinha, não é arquitetura. Corte, sim. Por isso que é difícil de entender corte. Rita Lee podia ter cantado — em “Amor e Sexo” — que planta é prosa, corte é poesia; ou, fazendo a analogia com a letra: planta é amor, corte é sexo.